Efeitos da Poluição Luminosa
sobre o Meio Ambiente
 
 
Alguns anos antes do início da instalação das lâmpadas a vapor de sódio em Uberlândia, a emissão de luz para cima já se fazia notar pelo reflexo da luz das lâmpadas a vapor de mercúrio nas nuvens noturnas. Isto significa que o problema não está nas lâmpadas em si, mas nos formatos das luminárias que as abrigam. Estas, em maioria, cumprem a sua função de iluminar bem as nossas áreas públicas e particulares, mas, por descuido de projeto, emitem uma parcela substancial de luz para cima e para muito além das áreas a serem iluminadas. Essa luz que ultrapassa seus limites, além de inútil, causa diversos problemas ambientais.   
 


 
 
Esta fotografia, feita a partir do Observatório, mostra o desperdício que apaga as estrelas. É essa luz, emitida diretamente para cima, que não tem utilidade alguma. Pagamos por ela e a jogamos fora, em direção ao espaço sideral e para dentro das casas das pessoas, causando problemas ambientais sem necessidade. A mancha vermelha, de forma oval, que aparece na parte superior da foto, é o fantasma do brilho da luminária de jardim de um vizinho. Essas imagens fantasmas também estragam as fotos de fenômenos astronômicos, que algumas vezes são muito raros.
 


 
 
Esta fotografia registra a passagem do Telescópio Espacial Hubble sobre a região de Uberlândia. A máquina fotográfica captou luz por alguns segundos, gerando uma linha luminosa por onde o satélite passou. A estrela mais brilhante é Canopus e está na parte sudoeste da cidade, ainda não muito afetada pelo desperdício de luz artificial noturna, mas já ameaçada pela expansão urbana. Esta precisa vir acompanhada por uma conscientização para o respeito ao meio ambiente em todos os seus aspectos. Veja a cor amarela das nuvens, iluminadas diretamente pela luz das lâmpadas mais modernas, a vapor de sódio.
 


 
 
Na fotografia astronômica é comum utilizarmos um tempo de exposição mais prolongado, para podermos captar a luz tênue das estrelas que não conseguimos observar a olho nu. Veja o que aconteceu com o céu noturno, e com a paisagem em geral, nesta foto com três minutos de exposição. Parece dia, mas não é. O céu ficou claro porque o filme captou e acumulou a luz que dele vinha, refletida pelo ar numa noite quase sem nuvens. É a triste perda de um patrimônio natural de grande beleza e enorme importância para a Ciência.
 


 
 
Uma única quadra de esportes, em um clube situado no horizonte, a quilômetros de distância do Observatório, mostra bem como o alinhamento dos refletores direcionais está incorreto. Embora a quadra esteja abaixo das luminárias, a luz está subindo a cerca de 45 graus com o plano horizontal. Veja o reflexo, no próprio ar, da luz desperdiçada numa noite de céu impecável para os astrônomos. Isto mostra que o problema da poluição luminosa é causado principalmente porque as pessoas não sabem que ele existe. Elas também não têm consciência de que estão perdendo muito dinheiro, incomodando outras pessoas, inviabilizando projetos de vida e interferindo negativamente com o futuro científico do País. Daí vem a necessidade desta campanha educacional.
 

 
 
Um simples canteiro de obras, que utiliza refletores direcionais mal alinhados, emite luz para cima e a uma grande distância. Suas lâmpadas de brilho forte podem ser vistas do outro lado da cidade ou a partir dos aviões que sobrevoam a região. Uma pequena alteração de baixo custo poderia dirigir toda a luz apenas para a área útil, que ficaria com uma iluminação mais eficiente, não invasiva e esteticamente mais atraente. As pessoas não percebem que o excesso de luz é prejudicial até mesmo para elas próprias. A luz que atinge nossos olhos causa o fechamento de nossas pupilas. É esse ofuscamento que nos atrapalha, reduzindo a visibilidade das áreas que precisamos enxergar. Até mesmo uma criança pode entender isso.
 


 
 
Estas lâmpadas, instaladas na varanda de uma casa vizinha, praticamente não causam poluição luminosa. Sua luz não vai diretamente para cima porque elas estão abrigadas pelo teto. O problema aqui é, quase exclusivamente, a geração de luz intrusa, aquela espalhada para os lados, invadindo as áreas que pertencem às outras pessoas. Veja aqui também as manchas vermelhas, que são os fantasmas das duas lâmpadas. A solução seria um ressalto no teto, para baixo, ao redor da varanda, que serviria como pingadeira. Conversei com meus vizinhos, que são bons amigos e sempre apagam as luzes quando vou fazer fotografias do céu. Eu estava esperando que as minhas árvores ficassem maiores, para impedir que a luz viesse em direção à minha casa, mas, numa atitude inédita e por iniciativa própria, meus vizinhos trocaram as lâmpadas por um novo tipo, cuja luz está agora restrita à sua área de utilidade. Obrigado, vizinhos! Se todos fossem como vocês e respeitassem assim os direitos de seus semelhantes, a nossa cidade não estaria tão poluída como está.
 

 
Países do Primeiro Mundo estão solucionando o problema da poluição luminosa, tecnicamente e através de leis modernas. Precisamos da colaboração dos nossos governos, em todos os seus níveis, para que juntos façamos o mesmo no Brasil. Não podemos permitir que o céu noturno seja destruído sem necessidade. É a nossa Ciência que está ameaçada. A dispersão de luz para cima não é prova de progresso, mas atestado de incompetência. Na maioria das vezes, é o nosso dinheiro que vai para o espaço. Queremos leis mais abrangentes, que garantam a preservação de nosso meio ambiente para as futuras gerações! 
 


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