Quem se importa com o céu?


           Na reportagem sobre desperdício de energia na iluminação pública, transmitida pela TV Triângulo no dia 24 de agosto de 1995, não foi apresentada uma parte importante, onde eu explicava como se poderia solucionar o problema de maneira muito simples e barata. A forma como a matéria foi exibida deu a entender que a substituição das lâmpadas antigas pelas modernas resolveria o problema que denunciei.
           A causa do lançamento, para os lados e para cima, de parte da luz gerada, se deve ao formato incorreto das luminárias e não ao tipo de lâmpada que elas contêm. Sem uma revisão dos projetos das luminárias, a substituição das lâmpadas de mercúrio pelas de sódio, somente agravará a situação, causando mais emissão de luz inútil e prejudicial. Como as lâmpadas modernas são muito mais luminosas, aqueles 30% ou mais, que jogamos fora, continuarão escapando e irão causar muito mais desperdício de luz e agressão ao meio ambiente.
           É importante que todos entendam que é possível iluminar melhor nossas ruas e casas, reduzindo ao mínimo o brilho da atmosfera acima das cidades, e que isto pode ser feito sem se gastar um centavo a mais. Como astrônomo amador, diretamente prejudicado pela diminuição rápida da transparência do céu, sinto-me na obrigação de chamar a atenção das autoridades, como venho tentando fazer já há cerca de três anos.
           Uberlândia é uma cidade especial em muitos sentidos. Por que não sermos pioneiros no respeito à beleza do céu noturno, dando um exemplo a ser seguido por outras cidades do País? Temos competência suficiente para isso. Falta apenas um pouco de sensibilidade.


Roberto F. Silvestre
ASTRÔNOMO AMADOR



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